quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A origem do carnaval de Porto Alegre

Na história do carnaval de Porto Alegre, temos como marco inicial a influência do entrudo, tal brincadeira popular e ingênuamente estúpida introduzida no país pelos portugueses.
Segundo Heitor Carlos Sá Britto, o carnaval do entrudo após anos de proibições e liberações, perdera seu uso com surgimento das Sociedades Esmeralda e Venezianos, em meados de 1870. Essas duas sociedades eram proveniente do modelo carioca, onde as elites no Rio de janeiro em meados de 1830, começaram a copiar carnaval de paris, seguindo o formato dos bailes de mascaras, bailes a fantasia ou Bals Masques, as Sociedades Carnavalescas, também chamadas de Clubes Carnavalescos, Grandes Sociedades, ou simplesmente Sociedades, são as primeiras manifestações históricas que redundariam na criação do carnaval de Porto Alegre.
Por volta de 1900 Os venezianos e Esmeralda desbancam o entrudo de vez e mudam o rumo do carnaval em Porto Alegre. Dividida nas cores vermelho e branco, os Venezianos apresentavam um saudável carnaval de salão. No mesmo contexto festivo, a sociedade Esmeralda de verde e branco, também proporcionava excelentes bailes carnavalescos. A disputa entre as mesmas seria evidente, e na simpatia para com seus públicos conquistavam adeptos até do futebol, como fez os Venezianos, congregando suas cores com a Fundação do Sport Club Internacional, em meados de 1909.
O fato fundamental para com a história do carnaval de Porto Alegre, parte daqueles que não se simpatizavam com o carnaval de salão e prestigiavam de certa forma o carnaval proporcionado na rua, onde alguns locais na cidade, era de assídua aglomeração.
Na historia do nosso carnaval gaúcho os bairros Cidade baixa (Menino Deus, Azenha), Colônia Africana, (atual bairro Rio Branco), Bairro Santana e vizinhança, são os primeiros e principais focos do carnaval de rua da cidade.
Através dos bairros pobres, como o "Areal da Baronesa" , assim chamado por ser na beira do rio, uma praia, posteriormente aterrada , onde hoje é a Praça Conego Marcelino, na qual tem esse nome por antigamente pertencer a Baronesa (esposa do Barão de Gravataí), surgira o que caracterizamos de carnaval mais popular.
Fato inportante do Areal, estava no grande numero de negros que ali fixara residência, pois retratava de certa forma territorialidade dos escravos após a abolição da escravatura. Sem saber para onde ir as comunidades negras se estabeleceram nestes locais e ali concentraram sua cultura, bem como seus costumes, festas, tradições etc. A partir de 1930, o Areal tornara-se, digamos assim, a "nata" do Samba, um grande reduto negro carnavalesco que com o passar dos tempos foi concentrando grandes grupos de manifestações populares. Segundo os especialistas, já se tem noticias na época de alguns nomes dos grupos de carnaval: Ases do Samba, Nós os Comandos, Seresteiros do Luar, Nós os Democratas, Viemos de Madureira, Tô com a vela e outros.
Há nível histórico o Areal é uma referência importante do carnaval de Porto Alegre, pois dera origem á vários grupos carnavalescos, como Os Imperadores do Samba, bem como os primeiros coretos populares de bairro, Os Caetés "primeira tribo carnavalesca" e principalmente ao primeiro Rei Momo Negro da cidade, o Rei. Negro, conhecido na época por (Seu Lelé). Dentre essas manifestações populares carnavalescas importantes no contexto histórico do carnaval cidade, foi o surgimento das Tribos carnavalescas .

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Nosso Som brasileiro

O povo brasileiro sempre foi musical. Três raças contribuíram para eclosão da musica brasileira. O índio dentre outras relevâncias significativas, teve importante influência nesta estrutura e composição da nossa música. A partir de uma gama de palavras nativas, organizou-se com o passar dos tempos um rico e diversificado vocabulário, muito usado, expresso, sentido e interpretado nas mais variadas canções, gêneros, ritmos, folguedos pelos cantos do Brasil.
O negro imprimiu um ritmo acentuado, extrovertido, sensível, forte, intenso, entretanto suave aos ouvidos mais apurados. Dos milhões de negros, que entraram no Brasil tiveram papel de destaque na formação da alma e sentimentos brasileiros. O que seria da música brasileira sem o caráter dramático, feiticista e intuitivo do africano que se exprime quando tocado, dançado, invocado, louvado, amado, enfim, como explicar a harmonia e melodia extraída dos diversificados instrumentos musicais pelos músicos negros que nunca estudaram música?
A influência branca, isto é, tanto portuguesa, espanhola, quanto francesa, italiana e outras imigrantes, também contribuíram no contexto musical. Segundo Mário de Andrade, os portugueses fixaram o tonalismo harmônico. De Portugal vieram os instrumentos e a literatura musical europeia. Por intermédio dos espanhóis abstraímos boleros, fandangos, habaneras e zarzuelas. Com os latinos-americano conhecemos o percón e posteriormente o tango. Dos italianos, incorporamos a valsa. Dos escoceses e poloneses, conhecemos o xótis e a polca.
Apesar do rico material etnocultural, sofremos forte influência do jazz-norte americano, e nos iludimos na tentativa de um novo gênero, bem como uma música que representasse o som Brasileiro definitivamente, que tivesse reconhecimento maior e repercutisse mundo afora. De certa forma rotularam uma espécie de jazz-brasileiro, com o intuito de legitimar nossa música. Logo denominaram um novo som de Bossa Nova. A imitação por um lado deu resultado, mas por outro, não ostentou o som brasileiro. Contudo, todo chover sucessivo de liras populares estrangeiras sobre o povo brasileiro veio alimentar-lhe, ainda mais, o pendor pela musica. Todo esse copioso e variadíssimo material, amalgamou-se, e no ultimo quartel do século XVIII, produziu os primeiros espécimes eruditos da musica brasileira.
Hoje, século XXI uma vasta gama de sons se propaga em cada canto do país. Cada ritmo, harmonia e melodia etnocultural, tem sua sinfonia fundamental no pentagrama da Musica Nacional Brasileira, esta dita e conhecida muita vezes como MPB. Portanto, eis aqui o nosso som, o nosso ritmo, a nossa batucada, a nossa alma, o nosso sentimento, o nosso coração, a nossa irreverência, a nossa contribuição musical negra neste imenso país.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Colônia Africana - Um reduto carnavalesco de Porto Alegre

A "Colônia Africana", assim chamada, era um local da cidade que retrata também, o contexto histórico do nosso carnaval Portoalegrense. Uma característica importante é que lá, também era o local onde negros libertos foram morar após abolição.
Assim, como no Areal, surgiram da Colônia grupos carnavalescos que de certa forma contribuíram para difusão e propagação do carnaval popular da cidade. Da colônia Africana surgiram grupos carnavalesco importantes para história. Podemos citar alguns, como Aí-vem-a-Marinha, Prediletos, Embaixadores, Namorados da Lua e muitos outros que estão perdido na memória.
A Colônia Africana era o bairro do famoso Salão Modelo (tambem chamado do Ruy), situado na esquina entre as ruas Casemiro de Abreu e Esperança. Com exploração imobiliária, a Colônia aos poucos foi perdendo seu espaço. Para termos uma idéia da quanto a negritude foi lesada, hoje o local é conhecido com nomes pomposos como bairro Rio Branco, Mont´Serrat e adjacências. O fato é que os negros foram expulsados discriminadamente desses lugares. Exemplo, vivo dessa máquina mutiladora chamada "Opressão" encontramos com a territorialidade da Familia Silva , no Bairro três figueiras, onde a população vizinha constantemente oprime para com sua saída do local.  
Os grupos, corsos, ranchos, tribos, agremiações, pessoas, simpatizantes, admiradores, fundadores, organizadores e tudo que concerne no carnaval de rua da cidade, como os locais etnoculturais, são marcos importantes e fundamentais no contexto histórico do carnaval de Porto Alegre. É lamentavel que muitas das culturas populares estejam extintas da nossa atualidade.
Nosso carnaval Portoalegrense como vimos nas postagens anteriores, vem evoluindo no sentido de transformações estéticas, espetaculares etc, mas perdendo muito sua beleza maior, a identidade de carater popular. Não estou generalizando, mas explicitando fatos ocorridos, vividos e exclamados por quem conhece, conheceu e viveu os carnavais antigos da capital gaúcha.

O Carnaval de Porto Alegre - História

Assim como as Tribos Carnavalescas outras manifestações populares contribuiram de certa forma para a propagação, bem como o prestigio do carnaval de rua em Porto Alegre.
Na história do nosso carnaval gaúcho temos as manifestações dos blocos carnavalescos " humorísticos". Esses blocos por sua vez disfilavam pelas ruas da cidade em meados da década de 60, e sua característica principal eram suas mensagens de alto teor político, que de certa forma importunava as elites e autoridades da época. Dentre os que marcaram a história podemos citar, To com a vela, Canela de Zebu, Te arremanga e Vem, Saímos sem querer, Tira o dedo do pudim e outros. A extinção destes grupos carnavalescos atribui-se a influência do modelo carioca das escolas de samba com sua beleza espetácular . A critica aguda contra política pesou um pouco. Os blocos humoristicos foram eliminados pela prefeitura em 1970.
Do carnaval portoalegrense também temos como ênfase histórica, as bandas, que de certa forma fortaleceram o carnaval de rua. Dentre delas retratamos algumas como, a DK, Saldanha Marinho, Medianeira, Por causa de quê, Areal da baronesa, JB, Filhos da Candinha, Comigo ninguém pode, IAPI, e muitas outras perdidas na memória histórica de Porto Alegre. Seja como for, elas contribuiram para com o crescimento do carnaval de rua da capital. Muitas delas desapareceram ou se transformaram em escola de samba. Um estaque também de menção honrosa, são as Muambas, uma característica exclusiva do carnaval de Porto alegre.
Antigamente, segundo Heitor Carlos Sá Britto, a Muamba era uma forma de arrecadar dinheiro para o desfile oficial e ocorria em diversos pontos da cidade. O pavilhão da escola era carregado aberto e as pessoas jogavam moedas ali. Em 1977, Guilherme Socias Villela, Prefeito, oficialisou as Muambas que de certa forma perderam assim essa espontaniedade. Segundo Luciana Prass, a Muamba consiste num ensaio geral, tantos dos blocos, tribos, quanto agremiações ou escolas de samba. São caracterizadas pela aglomeração do povão que vem atrás fazendo alegria e dando apoio moral as suas agremiações de prestígio. Geralmente a Muamba antecede o carnaval, servindo como uma passagem técnica do desfile oficial. Uma das atuais polêmicas do carnaval de Porto Alegre, parte na formulação de um Desfile Técnico, pra variar como o modelo do Rio de Janeiro. É bom termos cuidado com o que é nosso e exclusivamente daqui. por que esse é um dos motivos, do por que que nossas culturas mais populares, vão sumindo do carnaval de Porto Alegre.

As Tribos Carnavalescas de Porto Alegre

Até 1946, dentre os grupos, cordões, corsos, os blocos carnavalescos eram a grande sensação do carnaval de rua. Após o fim da segunda guerra mundial, Hemérito Barros e Rubens Silva, dois compositores, integrantes dos "22 rapazes" que circulavam pelos coretos da cidade cantando marchinhas nos dias de desfile, introduziram no denominado "Carnaval da Vitória", uma nova cultura popular, de nome "Caetés". Fundada em 19 de abril de 1945 por ambos amigos, nascera os Caetés, marcando o inicio de novo formato carnavalesco e popular na capital gaúcha. A nova idéia carnavalesca, segundo Claudio Brito, partira da experiência religiosa de Barros, o que de certa forma pela influência dos terreiros da religião de matriz africana, suas performances musicais tinham lá esta inspiração.
A idéia dera certo e começara a agradar o povo na época. Fundindo os ritmos africanos através de instrumentos indígenas e vice-versa, os Caetés desfilavam com muita alegria e empolgação pelas ruas de Porto Alegre. Iniciavam os desfiles pela Getulio Vargas, passavam pelos coretos da cidade baixa até o centro da capital. Desfilavam na Borges de Medeiros, e lá faziam suas apresentações, exibiam suas coreografias, alegorias, adereços de mão relacionados á marchas.Voltavam pela Andradas, Santana e chegavam ao Menino Deus.
Os Caetés foram figuras importantes no carnaval de rua da cidade, despertando culturalmente outras tribos carnavalescas, na qual seguiam a mesma tradição. Logo surgira Os Arachaneses, Os Aymorés, Os Bororós, Os Charruas, Os Navajos, Os Potiguares, Os Tapuias, Tapajós, Os Tupinambás, Os chavantes e muitas outras. Durante a década de 50 e 60, as tribos comandaram os carnavais da cidade e em grande número de concorrentes abrilhantaram as ruas. Acredita-se que a forte intervenção com que o modelo carioca das escolas de samba conquistou os foliões e os olhos dos adeptos de um carnaval espetacular, tenha sido o razão do desaparecimento das culturas mais simples e populares. Assim, como as tribos, outras manifestações carnavalescas surgiram, encantaram, abrilhantaram, extinguiran-se ou se transformaram em outras agremiações carnavalescas. Das tribos carnavalescas, restaram atualmente duas: Os comanches e Os Guaianazes que desfilam no complexo do Porto Seco nas noites de carnaval. As tribos historicamente tem seu papel fundamental na historia carnavalesca da cidade.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O carnaval Brasileiro

O carnaval chegou no brasil em meados do século XVII, através do entrudo, uma cultura trazida pelos portugueses da Ilha da Madeira, Cabo Verde e Açores. O entrudo consiste numa brincadeira, um tipo de festa, que por costume, as pessoas jogavam uma nas outras, bolas com água de cheiro, até mesmo ovos e farinha, durante um período anterior a quaresma. A palavra "entrudo" vem do latim introitus que designa as solenidades litúrgicas da Quaresma.
Durante um longo tempo, o Carnaval no Brasil, até a metade do século XIX, foi sinônimo de muita sujeira e molhação. As pessoas que não gostavam muito dessa brincandeira que por sinal era ingênuamente estúpida, evitavam sair às ruas nos dias do entrudo. Isso fez com que os bailes de máscara, realizados apenas para a elite durante o Primeiro Império, e, a partir da década de 1840, para a classe média, fizessem muito sucesso pelos Clubes ou Sociedades das cidades. Nessa época nem penva-se ou falava-se em samba nas festas, muito menos sambar. O que predominava nesses bailes, era os schottische, as mazurcas, as polcas, as valsas e o maxixe, que até momento era o único ritmo genuinamente nacional. Durante um bom tempo os bailes continuaram com esse carater festivo. Em 1869 um ator chamado Correia Vasques adaptou a música de uma peça francesa e deu para essa adaptação o nome de Zé Pereira. Surgira então a primeira música de Carnaval, pois até o momento todas as músicas eram instrumentais ou em outro idioma.
Alguns jornalistas da época influenciados pelo carnaval europeu começaram a estimular a criação de carnavais que imitassem os de Roma e de Veneza, onde as pessoas saiam às ruas fantasiadas para tomar parte no corso ou para realizarem batalhas de flores ou de confete. Após uma consistente campanha de jornalistas contra a violência do entrudo, em favor do elegante Carnaval veneziano, os primeiros desfiles de rua começaram a acontecer. Presença marcante na iniciativa contra a estupidez do entrudo, vinha de José de Alencar, que defendia convictamente a nova e saudável maneira de brincar.
As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Começara uma nova forma de carnaval na qual dividia-se em dois tipos distintos de manifestação: aquele feito pelas classes mais ricas nos bailes de salão, nas batalhas de flores, nos corsos e desfiles de carros alegóricos e aquele feito pelas classes mais pobres nos maracatus, cordões, blocos, ranchos, frevos, troças, afoxés. Há uma discussão entre os especialistas, sobre um tal português chamado José nogueira, de que tenha sido o pioneiro do modelo de desfile nas ruas. Segundo historiadores, ele percorria as ruas centrais da cidade de Rio de Janeiro, tocando um bumbo, gritando e cantando. Alguns pesquisadores atribuiem o fato como ponto inicial da historia do carnaval brasileiro.
No final do século XIX, surgiu os primeiros blocos carnavalescos, cordões e corsos, na qual, com o passar dos anos, foram tornando-se cada vez mais populares. Logo no seculo XX surgiram as marchinhas carnavalescas, que de certa forma contribuiram para que a festa popular crescesse culturalmente e torna-se cada vez mais animada.
Mais tarde, no Rio de Janeiro manifesta-se outra forma de carnaval. Era as escolas de samba. A pioneira nessa formação e organização de carnaval, foi a escola de samba " Deixa Falar", fundada pelo sambista carioca Ismael Silva. Tempos depois a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar esse novo formato de manifestção popular e espetacular. Outras escolas de samba começam a surgir no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Organizadas em Ligas, começam as primeiras competições para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada. Logo o modelo carnavalesco carioca expande-se pelo Brasil e consequentemente começa repercutir mundo afora. Algumas regiões, como no nordeste do Brasil mantiveram o carnaval de rua as tradições originais. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu. Em outras regiões existem diversas manifestações não propriamente carnavalescas, mas com o caracter carnavalesco e popular como o Festival Folclórico de Parintins, no Amazônas, com seus 'Bois" competindo acirradamente nas disputas de melhor performance artistica e cultural. Já na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi. No Sul , há um tempo atrás era comum como festa e forte manifestação popular, as Tribos carnavalescas, com suas performances temáticas culturais dentre negros, indios e brancos. Logo não resistiram as influência do carnaval carioca e desapareceram do mapa. Em Porto Alegre, existe ainda , quase que em extinção algumas das tribos carnavalesca, como Os Comanches e os Guaianazes. Enfim, gente! essa é historia do nosso carnaval brasileiro até a atualidade. Nunca se esquecendo que procuramos enfatizar o contexto histórico e não suas peculiaridades. Espero que todos carnavalescos e não carnavalescos usufruiem, questionem, pesquisem, estudem, comparem, discutem, contestem, propaguem, difundem sobre essa grande manifestação popular que é o nossa maior festa brasileira de todos os tempos.

Como surgiu o carnaval?

Resgatando um pouco das nossas alegrias e sentimentos, revelamos muito da nossa historia. Nessa viagem louca de surpresas e emoções encontramos inumeras razões de ser, estar e poder ser feliz, numa única sensação de êxtase e total liberdade. Assim é o "carnaval". Vamos entender como tudo isso acontece e como essa festa popular surgiu no tempo. Vamos dar um giro nos fatos começando pelo o inicio de tudo que concerne dessa manifestação popular, ou seja, o que historicamente deu origem ao que chamamos hoje de Carnaval.
As primeiras manifestações, não propiamente carnavalescas, que de certa forma contribuiram para que esse tipo de festa difundi-se pelo mundo, tem suas origens na idade antiga, onde as festas profanas regidas pelo ano lunar, continuavam recuperadas por determinadas tradições religiosas. O cristianismo, por exemplo, por costumes, começava sua festa no dia de Reis (Epifania) e acabava na Quarta-feira de cinzas, às vésperas da Quaresma. Para o nosso conhecimento e compreenção a quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. A quaresma significa o Período em que a Igreja Católica, a Igreja Anglicana e algumas protestantes relembram os 40 dias de Jesus Cristo no deserto e convida seus fiéis a um período de penitência e meditação. No entanto, as festas profanas eram marcadas em datas anteriores a esses períodos, e no termino dos mesmos, passando a ser chamados de "adeus a carne" ou "carne vale", o que originou mais tarde o termo carnaval.

Através dos anos durante o período de carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada povo, região brincava a seu modo e de acordo com seus costumes. O carnaval conteporâneo, feito de desfiles e fantasias, é repercussão da sociedade vitoriana do século XIX. Na história, Paris é o grande modelo exportador do produto carnavalesco para o mundo. Algumas Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e principalmente Rio de Janeiro inspirararam-se no carnaval francês.
Hoje o carnaval do Rio de Janeiro, no Brasil, é considerado um dos mais bonitos e importantes desfiles de carnaval do mundo. Há também outros países com forte tradições carnavalescas, como Portugal e seus carnavais de Loulé, Sesimbra, Rio Maior, Sines, e principalmente Torres Vedras, possuindo o carnaval mais antigo e mais português do país, mantendo-se popularmente fiel à tradição com a rejeição de outros sambas estrangeiros. Muitos pesquisadores discutem que o carnaval tem raízes históricas remotas aos bacanais e aos festejos similares em Roma. Alguns historiadores chegam a relacionar o carnaval a celebrações em homenagem à deusa Ísis ou ao deus Osíris, no Egito antigo. Uma outra teoria acredita que a festa iniciou-se com a adoção do calendário cristão. Em Roma havia uma festa, a Saturnália, em que um carro no formato de navio abria caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras. Essa festa foi incorporada pela Igreja Católica, e segundo alguns a origem da palavra carnaval é carrum navalis (carro naval). Essa etimologia, entretanto, já foi contestada. Hoje o que é mais aceite dentre os pesquisadores, é teoria que liga a palavra "carnaval" à expressão carne levare, ou seja, afastar a carne, uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período triste da quaresma. Entretanto, em 1091 a data da Quaresma foi definitivamente estabelecida pela Igreja Católica. Como consequência indireta disso, o período de Carnaval se estabeleceu na sociedade ocidental, sofrendo, portanto, certa oposição da Igreja, na Europa. Embora, alguns papas tenham permitido o festejo, outros o combateram vivamente, como Inocêncio II. È importante ressaltarmos que em conseqüência do Renascimento o Carnaval adotou o baile de máscaras, e também as fantasias e carros alegóricos. Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato que encotramos hoje pelo mundo, que se preserva especialmente em regiões da França, Itália e Espanha. De primeiro momento essas informações são importantes para compreendermos como o carnaval surgiu nos tempos. O Carnaval, há nível de pesquisa é ambíguo, no entanto, a pecualiridade fica critério de cada um. Por enquanto, historicamente, esses são os principais fatores no que concerne origem do Carnaval.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Música e expressão Corporal


O ritmo africano está presente no mundo inteiro. Não só no Brasil, o africano também contribuiu na musicalidade de várias culturas, estilos e gêneros musicais. No andar das diluições dos ritmos, estilos, sons, coreografias, danças, folguedos pelo mundo afora, encontramos o Tango.
O tango é um dos ritmos mais bonitos e sensuais de todas as danças e está entre os preferidos por dançarinos do mundo. Apesar de atualmente ser conhecido como o ritmo característico da Argentina, a origem do tango está na África.
Os negros escravos levados de lá para a América Central, levaram consigo seus principais costumes, dentre os quais uma dança denominada Tangano. Com a migração desses negros para o sul, o Tangano foi levado para a região do Rio da Prata, tornando-se muito popular entre as pessoas da zona portuária. Por volta do século XIX, o Tangano se desenvolveu no que ficou conhecido como o Tango Argentino. Alguns pesquisadores dizem que a palavra tangó é de origem africana e que significaria algo parecido a quilombo em português, um lugar de aglomeração dos escravos para dançar e fazer seus ritos religiosos com instrumentos de percussão.
Estes escravos do litoral do Rio de la Plata por volta de 1850, eram imitados e caçoados em sua forma de dançar pelos compadritos do lugar. Compadritos eram imigrantes, gente do campo e recém chegada a cidade, ainda com costumes gaúchescas. Desta imitação, saiu algo original mas muito distante do tango que conhecemos hoje. Em cima desta maneira de bailar, puseram uma musica desconhecida até o momento, que era mistura da habanera, tango andaluz y milonga.
O tango em sua evolução histórica nasce primeiro como forma de baile, depois como música e por ultimo como canção. Primeiramente, o tango foi dançado apenas por pessoas das classes mais pobres, pois era discriminada pelos ricos. Por volta de 1910, houve uma transformação de caráter do tango, o que o tornou posteriormente aceito por toda a comunidade. Na época formavam-se os primeiros grupos de tocadores de tango, cujo instrumento fundamental era o bandoneon, uma espécie de acordeão semelhante a gaita gaúcha. Com o passar do tempo, foram juntando-se ao bandoneon o piano, o violino, a guitarra e o contrabaixo.
Hoje ao desfrutarmos de seus encantos, nos encantamos com a arte de um povo, que nem menos imaginamos, nem mesmo enxergamos, mas que sentimos, ouvimos, cantamos e dançamos no seu ritmo maravilhoso. Embora muito pouco referenciado como cultura negra, o tango é um ritmo de origem negra, cuja sua trajetória, incorporou vários engredientes musicais de diferentes etnias, até chegar ao gênero musical de hoje.

Fonte : Escola de Música e harmonia

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Lei 10.639/03, que lei éssa?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva através do congresso nacional decreta e sanciona a seguinte lei 10639/03, na qual altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. A nova lei estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino da historia e cultura afro-brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3o (VETADO)" "Art. 79-A. (VETADO)" "Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

Como trabalhar a lei 10.639/03 na sala de aula?

Quando adolescente tornei-me fã de Michael Jackson, e fiquei impressionado pela performance artística do cara. Cantar, dançar, interpretar e arrebentar com os shows, espetáculos, apresentações, clipes, coreografias e por aí vai. Ficava pensando no talento que ele transcendia, quanta originalidade, criatividade, autenticidade e personalidade nos palco, isso me fascinava. Passou uns tempos conheci o que todos chamavam de "break dance" e foi aí que me apaixonei pelo o corpo e o movimento. O ritmo louco e divertido que se dançava nas ruas contribuiu para com minha musicalidade, corporeidade, identidade, personalidade, auto-estima, afirmação etc. Girando como um maluco e executando cambalhotas nas praças e no colegio, tornei-me um Bboy (garoto de dança de rua) . O apreço pela capoeira ajudou na dança e contribuiu de certa forma no meu desenvolvimento psicomotor, pois eu sempre fui fascinado por acrobacias. A discriminação e preconceito como sempre é inevitável e minha mãe na maioria das vezes era solicitada a comparecer a coordenação de minha escola, para assuntos referentes as "maluquices do filho na hora do recreio”. Mas nem tudo estava perdido, por que lá no morro onde morava, o rufar dos tambores me levou a essência da nossa religião de matriz Africana. Eu aprendi que sou uma força da natureza e a natureza minha própria força e beleza.
Tantas coisas que eu devia saber, aprender e assumir, não me ensinavam e nem explicavam na escola. Não lembro de nenhum professor me dizendo que o meu gingado era motricidade, que minha dança era arte, que minha pele escura me protegia do sol, que meu batucar era música, que minha cultura não se consistia só em samba, carnaval e futebol, que meus antepassados não só contribuíram com arte e cultura do Brasil, como também foram a mola propulsora no subdesenvolvimento do país. A única coisa que lembro que a escola ensinou é que meu povo foi escravo.
Hoje vejo muitos de meus colegas perguntando como trabalhar a Lei 10.639/03 no cotidiano escolar . A dificuldade é fruto da necessidade de se conhecer os estigmas sociais que permeiam o âmbito humano, ou seja, se não entendermos os motivos, as causas, as feridas, as desigualdades, as injustiças, as inverdades, não saberemos pra onde ir e nem por que ir. Não se pode concluir um trabalho, se não tivermos os objetivos, não se pode ter objetivos, se não compreendemos esses problemas. Não se pode compreender algo que não sentimos. Não se pode sentir o que não vivenciou, experênciou. Apesar de tudo, acredito que toda iniciativa por parte de meus colegas é positiva, mesmo que seja um interesse obrigatório ou espontâneo.