quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O carnaval Brasileiro

O carnaval chegou no brasil em meados do século XVII, através do entrudo, uma cultura trazida pelos portugueses da Ilha da Madeira, Cabo Verde e Açores. O entrudo consiste numa brincadeira, um tipo de festa, que por costume, as pessoas jogavam uma nas outras, bolas com água de cheiro, até mesmo ovos e farinha, durante um período anterior a quaresma. A palavra "entrudo" vem do latim introitus que designa as solenidades litúrgicas da Quaresma.
Durante um longo tempo, o Carnaval no Brasil, até a metade do século XIX, foi sinônimo de muita sujeira e molhação. As pessoas que não gostavam muito dessa brincandeira que por sinal era ingênuamente estúpida, evitavam sair às ruas nos dias do entrudo. Isso fez com que os bailes de máscara, realizados apenas para a elite durante o Primeiro Império, e, a partir da década de 1840, para a classe média, fizessem muito sucesso pelos Clubes ou Sociedades das cidades. Nessa época nem penva-se ou falava-se em samba nas festas, muito menos sambar. O que predominava nesses bailes, era os schottische, as mazurcas, as polcas, as valsas e o maxixe, que até momento era o único ritmo genuinamente nacional. Durante um bom tempo os bailes continuaram com esse carater festivo. Em 1869 um ator chamado Correia Vasques adaptou a música de uma peça francesa e deu para essa adaptação o nome de Zé Pereira. Surgira então a primeira música de Carnaval, pois até o momento todas as músicas eram instrumentais ou em outro idioma.
Alguns jornalistas da época influenciados pelo carnaval europeu começaram a estimular a criação de carnavais que imitassem os de Roma e de Veneza, onde as pessoas saiam às ruas fantasiadas para tomar parte no corso ou para realizarem batalhas de flores ou de confete. Após uma consistente campanha de jornalistas contra a violência do entrudo, em favor do elegante Carnaval veneziano, os primeiros desfiles de rua começaram a acontecer. Presença marcante na iniciativa contra a estupidez do entrudo, vinha de José de Alencar, que defendia convictamente a nova e saudável maneira de brincar.
As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Começara uma nova forma de carnaval na qual dividia-se em dois tipos distintos de manifestação: aquele feito pelas classes mais ricas nos bailes de salão, nas batalhas de flores, nos corsos e desfiles de carros alegóricos e aquele feito pelas classes mais pobres nos maracatus, cordões, blocos, ranchos, frevos, troças, afoxés. Há uma discussão entre os especialistas, sobre um tal português chamado José nogueira, de que tenha sido o pioneiro do modelo de desfile nas ruas. Segundo historiadores, ele percorria as ruas centrais da cidade de Rio de Janeiro, tocando um bumbo, gritando e cantando. Alguns pesquisadores atribuiem o fato como ponto inicial da historia do carnaval brasileiro.
No final do século XIX, surgiu os primeiros blocos carnavalescos, cordões e corsos, na qual, com o passar dos anos, foram tornando-se cada vez mais populares. Logo no seculo XX surgiram as marchinhas carnavalescas, que de certa forma contribuiram para que a festa popular crescesse culturalmente e torna-se cada vez mais animada.
Mais tarde, no Rio de Janeiro manifesta-se outra forma de carnaval. Era as escolas de samba. A pioneira nessa formação e organização de carnaval, foi a escola de samba " Deixa Falar", fundada pelo sambista carioca Ismael Silva. Tempos depois a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar esse novo formato de manifestção popular e espetacular. Outras escolas de samba começam a surgir no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Organizadas em Ligas, começam as primeiras competições para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada. Logo o modelo carnavalesco carioca expande-se pelo Brasil e consequentemente começa repercutir mundo afora. Algumas regiões, como no nordeste do Brasil mantiveram o carnaval de rua as tradições originais. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu. Em outras regiões existem diversas manifestações não propriamente carnavalescas, mas com o caracter carnavalesco e popular como o Festival Folclórico de Parintins, no Amazônas, com seus 'Bois" competindo acirradamente nas disputas de melhor performance artistica e cultural. Já na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi. No Sul , há um tempo atrás era comum como festa e forte manifestação popular, as Tribos carnavalescas, com suas performances temáticas culturais dentre negros, indios e brancos. Logo não resistiram as influência do carnaval carioca e desapareceram do mapa. Em Porto Alegre, existe ainda , quase que em extinção algumas das tribos carnavalesca, como Os Comanches e os Guaianazes. Enfim, gente! essa é historia do nosso carnaval brasileiro até a atualidade. Nunca se esquecendo que procuramos enfatizar o contexto histórico e não suas peculiaridades. Espero que todos carnavalescos e não carnavalescos usufruiem, questionem, pesquisem, estudem, comparem, discutem, contestem, propaguem, difundem sobre essa grande manifestação popular que é o nossa maior festa brasileira de todos os tempos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário